Exposição aconteceu em Uberaba (MG), templo do Nelore, e faturou R$ 100 milhões com um público de quase 300 mil pessoas.
A 77ª ExpoZebu 2011, que aconteceu de 28 de Abril a 10 de Maio de 2011, no Parque Fernando Costa ( Uberaba-MG ), …
Melhoramento genético
Segundo o proprietário da Fazenda Vale do Boi, em Araguaína – Carmolândia (TO), Epaminondas de Andrade, que frequenta o parque há 40 anos, “nunca tinha visto a ExpoZebu tão recheada, com tantos estandes e tamanho aproveitamento dos espaços. Isso é um bom sinal e significa que a feira está aquecida”, analisou. Vale ressaltar que a Fazenda Vale do Boi recebeu, há pouco tempo, o prêmio de melhor qualidade de gestão do agronegócio no Brasil para pequenas empresas, o MPE Brasil, patrocinado pelo Ministério da Indústria e Comércio, Sebrae e Fundação Nacional da Qualidade.
Na opinião do criador, o Nelore tem avançado a passos largos, principalmente, nos últimos três anos, em função dos programas de melhoramento genético existentes. São ferramentas que, no passado, eram pouco aproveitadas. “Vi, há alguns instantes, um lote de fêmeas jovens que deveriam ter perto de 20 meses, jé paridas, com conformação fantástica. Percebe-se que são animais preparados para produzir carne. Há algum tempo, víamos animais gigantes, que impressionavam pelo tamanho e beleza racial, mas nem sempre eram preparados em sua carcaça para produzir carne. O Nelore está encontrando a sua verdadeira vocação”, comentou.
Apesar disso, Andrade acredita que ainda há muito para se fazer com a raça, que tem variabilidade genética muito grande, o que permite avançar muito mais do que o alcançado até agora. “Muitas vezes estamos mais preocupados em usar FIV ou TE, mas é preciso lembrar que essas são técnicas que multiplicam o que já foi melhorado. Tirando esses pequenos equívocos, usando as ferramentas corretas e multiplicando os melhores animais avançaremos rapidamente. Hoje, vemos animais com DEPs para marmoreio de carne. Ninguém falava disso há 10 anos”, e complementa: “quando se fazia alguma referência a marmoreio, a primeira coisa que vinha em mente era cruzamento industrial ou uso de raças europeias. Atualmente, estamos pensando em fazer isso com o Nelore. Esta raça é fantástica! A melhor coisa que fiz em minha vida foi começar a criá-la”.
Para Andrade, entretanto, nem sempre os animais de pista representam a realidade da raça. “A pista, às vezes, pode mascarar pelo excesso de trato, bons resultados para um ambiente a pasto. Eu preparo meus animais para trabalhar em pastagens quando saírem da minha fazenda”, contou o criador. Para ele isso não quer dizer que nas pistas não se encontrem bons animais. Pelo contrário. Mas ela não mostra a fertilidade, rusticidade e adaptabilidade. “Precisamos encontrar um dia, que parece não estar perto, mesmo que caminhando, a união das avaliações genéticas com as das pistas. Algumas coisas já estão acontecendo, na medida em que há grandes criatórios, que participam das exposições, com rebanhos participantes de programas de melhoramento genético”, opinou.
O criador de Tocantins fez uma ressalva: “nós que trabalhamos em avaliação genética temos de respeitar o pessoal das pistas que, também, precisam olhar pra nós e ver que estamos contribuindo muito para que cheguem bons animais aos frigoríficos. No passado, as pistas resolviam porque procurávamos o melhor animal pelo fenótipo. Hoje, isso ainda acontece, mas a busca é também pelo genótipo. Agora que estamos chegando na era dos marcadores moleculares, só o aspecto fenótipo não irá concluir a qualidade do animal”, salientou.
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Revista Nelore 186, Jun 2011.