Pecuaristas contam como o investimento em genética vem ajudando a melhorar o desempenho da raça nelore no Brasil
O Estado de S.Paulo
O pecuarista Luciano Borges Ribeiro, da Fazenda Rancho da Matinha, em Uberaba (MG), começou a investir no melhoramento genético de seu rebanho nelore no fim da década de 80. Nesta época, recorda, o zebu ainda não tinha desempenho, em termos de reprodução e produção de carne, compatível com as raças européias de gado de corte. ”O nelore não é uma raça tardia, como muitos acreditavam. O nelore estava tardio por falta de trabalho de seleção”, diz.
Ao mesmo tempo, a raça zebuína tinha a vantagem da rusticidade e do menor custo de produção. ”Fizemos cruzamento industrial, mas não foi tão satisfatório. Chegamos à conclusão de que o melhor cruzamento era de nelore com nelore”, diz. ”Havia um espaço para produzir nelore com genética de alto desempenho para carne e então iniciamos o trabalho com nelore PO voltado para melhorar os animais de rebanhos comerciais.”
O objetivo, diz Ribeiro, era produzir nelore precoce. ”O melhor caminho seria a partir de avaliações genéticas.” Por isso, o primeiro passo foi aderir a um programa de melhoramento genético. ”Há mais de 20 anos faço parte do Nelore Brasil, o programa oficial da ACNB (a Associação dos Criadores de Nelore do Brasil).”
Para o pecuarista, uma das principais conquistas foi a redução da idade média do primeiro parto das fêmeas, de 36 para 24 meses. E ainda há o que melhorar. Na última estação de monta, diz, 72% das fêmeas emprenharam antes de 17 meses. ”Algumas com 12 meses. Isso significa que com 2 anos elas já estarão com bezerro. Isso não é nada extraordinário, mas é um desempenho compatível com as raças britânicas, como a angus.”
Na Fazenda Vale do Boi, em Carmolândia (TO), o pecuarista Epaminondas de Andrade começou seu plantel há cerca de 30 anos, com 300 animais. Hoje, o rebanho tem 4 mil animais, parte da criação é nelore PO e parte nelore de corte. ”Quando comecei tinha uma fazenda pequena, por isso precisava optar por um produto que tivesse valor agregado, para melhorar a rentabilidade.” O caminho também foi aderir a um programa de melhoramento genético. ”Crescemos e nos profissionalizamos. Hoje nos dedicamos quase integralmente à genética. A atividade de corte hoje é um complemento de renda.”
O programa, diz Andrade, tem um processo que controla os animais desde o nascimento. ”Pesamos e fazemos medições dos animais a cada 90 dias. Essas informações nos permitem que saibamos como está o desempenho do animal e dos pais em relação aos filhos”, explica. Além disso, o criador faz questão de participar de abates técnicos. ”É importante saber o que mercado está querendo.”
As melhorias, garante, são em todas as áreas. ”Há alguns anos nos preocupávamos mais com o ganho de peso. Mas não adianta o animal ser grande e pouco produtivo, com pouca fertilidade. A fertilidade implica que a vaca lhe dê um bezerro/ano, que seja bom de carcaça e acabamento de gordura. E isso vem melhorando.”
Esta seção, que tem por objetivo fomentar a raça nelore, resulta de parceria entre o Suplemento Agrícola e a Associação dos Criadores de Nelore do Brasil (ACNB)