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Secretario da Agricultura do Tocantins visita a Vale do Boi.

Secretário de Agricultura do TO visitando a Vale do BoiOntem dia 12 de janeiro a Fazenda Vale do Boi recebeu o Secretário da Agricultura, Pecuária e do desenvolvimento Agrário do Estado do Tocantins Jaime Café e comitiva composta por Geraldino Ferreira paz ( Presidente da ADAPEC), Nasser Iunes (Produtor e Presidente da Vallecoop), Hamilton Tormin (Sec. Agricultura,Pecuária e Meio Ambiente de Araguaína), Antonio Ventura (Produtor e Diretor da Vallecoop), Francisco Alexandre (SEBRAE) e demais produtores e técnicos ligados a área. Na visita o secretário ouviu informações sobre o trabalho de gestão da vale do Boi, que inclui o gerenciamento, seleção, melhoramento genético do rebanho Nelore, manejo, formação e recuperação de pastagens. O secretário fez questão de ouvir as dificuldades que produtores como nos da Vale do Boi enfrentamos para planejar ações da secretaria.

Recuperação de pastagens garante produtividade para pecuaristas do Norte

Secretário de Agricultura do TO visitando a Vale do Boi

Em visita às propriedades rurais da Região Norte do Estado, o Secretário da Agricultura, Pecuária e Desenvolvimento Agrário, Jaime Café, discutiu com pecuaristas dos municípios de Carmolândia, Piraquê e Araguanã alternativas para o aumento da produtividade da região, que é destaque na criação de gado de corte. De acordo com o secretário, é possível introduzir o sistema integrado lavoura/pecuária em diversas propriedades rurais da região e ainda aumentar o rebanho bovino.

Durante o encontro com os produtores, o secretário ressaltou o empenho do Governo do Tocantins, através da Seagro, de desenvolver o Estado através do Agronegócio. “O mundo vai precisar cada vez mais de alimentos e o Brasil, e consequentemente o Tocantins, tem um papel importante em aumentar a produtividade”, avaliou o secretário.

O produtor Epaminondas Andrade, da fazenda Vale do Boi, em Carmolândia, faz um trabalho contínuo de recuperação de suas pastagens e segundo ele esta ação tem garantido a sobrevivência de sua propriedade e também assegurado a produtividade. “Um produtor que ainda não faz esse trabalho de recuperação das pastagens deixa de ser produtivo e em muitos casos tem prejuízos”, avaliou Epaminondas, que chegou à região em 1984.

Para o produtor Aloísio Borges, da fazenda Canaã, no município de Araguanã, os produtores rurais já vivem um período de “verticalização”, onde só é possível aumentar a produção através do emprego de tecnologia no campo. “Acredito muito na recuperação das pastagens e também na integração lavoura/pecuária como saídas viáveis para aumentar a produtividade de nossa região”, afirmou o pecuarista.

Visitas

Durante essa quarta-feira, 11 de janeiro, Jaime Café visitou propriedades rurais nos municípios de Carmolândia, Araguanã e Piraquê, para ouvir demandas e discutir soluções. Durante a noite, o secretário se reuniu com a diretoria do Sindicato Rural de Araguaína, na sala de reuniões do Parque de Exposições (sede do Sindicato). Na ocasião, o secretário também ouviu demandas e debateu futuras parcerias com o presidente do Sindicato de Araguaína, Wanderlei Monteiro de Araújo Filho.

http://www.sonoticias.com.br/agronoticias/mostra.php?id=49109
http://www.seagro.to.gov.br/noticia.php?id=2447

Sustentabilidade, a palavra de ordem

Revista Nelore – Setembro 2011

Se a pecuária brasileira não garantir uma produção sustentável estará fadada ao descrédito e à falência.

Para um negócio ser sustentável ele precisa ser ecologicamente viável, socialmente justo e culturalmente aceito. Pensar em pecuária sustentável leva a refletir como os diferentes agentes econômicos se organizam para produzir e entregar ao consumidor final um produto de qualidade e ambientalmente correto. Com isso, compreender como novas práticas de produção sustentável são adotadas, incorporadas e contratadas ao longo da cadeia produtiva, se transformou em uma questão chave para se viabilizar a atividade no País.

Fato é que a bovinocultura de corte pode ser definida como a arte de transformar componentes vegetais em proteína animal. Sendo assim, este processo pode ser feito com maior ou menor impacto sobre o meio ambiente , em razão da eficiência do sistema utilizado pelo produtor. Nos últimos anos, a pecuária de corte tem sido alvo de inúmeras críticas por parte de ambientalistas. Os Fatores específicos que influem a sustentabilidade de uma propriedade são a lucratividade e o uso que ela faz dos recursos naturais. Para que a fazenda (ou a empresa rural) seja sustentável, em longo prezo, é necessário que além lucratividade, o manejo de recursos naturais como o solo e a água sejam considerados como pontos fundamentais do negócio.

Preocupação com o futuro

O criador Epaminondas de Andrade, da Fazenda Vale do Boi, há 40 anos dedicando-se à pecuária, afirma que a primeira coisa que o preocupa quando entra em uma propriedade rural, é o que ela tem pra ser utilizado e como ele pode melhorar o que já existe de bom. Andrade garante que todas as fazendas pelas quais já passou ficaram melhores do que quando nelas entrou. “A pecuária te estimula a pensar no futuro. Se não for assim, quatro ou cinco aos depois o produtor estará perdido”, admite.

O pecuarista diz que mesmo antes de se falar em sustentabilidade, quando o tema ainda não era “tão badalado” como é hoje, a maior parte dos pecuaristas sérios já se preocupava em como seria sua fazenda no futuro. “Ha 40 anos nem existia adubação de pastagens. O fazendeiro tinha de preservar aquilo ao seu redor , explorando menos e mantinha o pasto por mais tempo. Hoje, com os recursos técnicos existentes, pode-se explorar com mais intensidade, corrigir e adubar o solo. A coisa mais simples é ter um pasto melhor amanhã do que hoje”. Conhecedor da pecuária, seus problemas e soluções, ele adverte: “É impossível, contudo, ter um bom pasto se não preservar as nascentes e o solo, e permitir que a erosão domine a paisagem. Se não tomar todos esses cuidados não há tecnologia que garanta um bom pasto. Além disso, uma terra erodida, lavada, tem um custo altíssimo para ser recuperada”, garante.

Andrade conta que na sua fazenda havia muitas áreas degradadas, com erosões que poderiam esconder uma carreta. “A primeira coisa que fiz, antes mesmo de reformar os pastos, foi acabar com as erosões, impedindo que evoluíssem e tornar-se mais cara sua correção, além de aumentar os prejuízos que estavam causando para a natureza. Resolvida esta parte comecei a reformar as pastagens com correção e adubação do solo”, comenta. Com o solo desprotegido, qualquer chuva leva sua riqueza para o leito dos rios. “Não consigo conceber trabalhar a pecuária, a terra, sem pensar em seu futuro e, em última instância, no meu futuro. Quem faz diferente, se não está pagando uma conta alta por isso, pagará nos próximos tempos”, sentencia o criador.

Além de todos esses cuidados, Andrade ressalta a importância de se conscientizar todos aqueles que atuam dentro de uma fazenda. “Os que trabalham comigo já pensam como eu. Muitos dos meus empregados sabem que se não preservarem aquela arvorezinha que está crescendo, daqui a algum tempo eles podem precisar de uma sombra e não a terão. Nós que somos ruralistas temos de ter esses conceitos incrustados dentro da gente, como fundamento da nossa atividade”, admite o proprietário da Vale do Boi. Segundo ele, todas as casas de seus empregados têm árvores plantadas e jardins feitos. “Eu os estimulo e, muitas fezes, providencio a montagem do jardim. Isso é prazeroso”.

Quanto ao custo de todos esses cuidados, o fazendeiro garante que é mais caro recuperar o que já estragou. Arrumar leva milhares de horas de máquinas para cobrir, mudar e fazer voltar a fertilidade do solo. Não basta tapar o buraco com terra, afinal a natureza não se recompõe em um passe de mágica. Para ele, esse processo traz dois ingredientes importantes no resultado final: o econômico e o emocional. “Temos de aproveitar esse momento em que todos falam em sustentabilidade e fazê-la, não só pelo retorno econômico, mas pelo amor à natureza. Acaba tendo um troco, mas é bom chegar a um lugar onde tudo está preservado. Nem saberia medir o prazer que isso nos traz. Às vezes ele é maior que o financeiro”, conclui.

Tourinho bem alimentado, mais bezerros no pasto.

Revista DBO nº 371 – Setembro/2011
Especial – Genética e Reprodução
Nutrição

Na formulação do programa nutricional dos reprodutores, recomenda-se evitar o aporte de energia em excesso, por ser prejudicial ao seu desempenho.

A nutrição é um dos fatores que mais influi no desempenho reprodutivo, não apenas das fêmeas, mas também dos touros – e estes nem sempre recebem a atenção devida. Segundo o veterinário Fernando Galvani, da VetPlus Assessoria em Genética e Reprodução, com sede em Marabá, PA, os machos candidatos a reprodutores devem ser alimentados adequadamente desde a desmama, para que cheguem à puberdade mais cedo e produzam mais bezerros.

Restrições severas na fase de recria podem causar atrofia testicular. Em reprodutores jovens (18 meses), a subnutrição reduz a produção espermática em até 15%. Comida em excesso também prejudica o desempenho do touro a pasto. “Não se mede genética por meio de gordura ou peso, e sim com DEPs. O touro deve ser alimentado na dose certa, apenas para expressar o seu potencial”, diz Galvani.

Fazendas com bom manejo alimentar de reprodutores os suplementam na seca pósdesmama e realizam o seu preparo pré-estação de monta. Algumas preferem tratá-los desde a fase de lactação, por meio de creep feeding, até à época de venda. “Não existe regra. Cada fazenda deve desenvolver o seu programa nutricional, conforme o sistema de produção”, diz o consultor da VetPlus. O peso considerado como referência para tourinhos da raça Nelore é 600kg aos 20-24 meses. “Se o vendedor diz criar animais a pasto, adaptados para cobertura a campo, e os oferece com peso muito acima desse patamar, é bom desconfiar, porque algo está errado”, adverte Galvani.

Um mês antes de serem colocados em monta, os tourinhos recebem um proteinado de médio consumo.

ESTRATÉGIAS – Na Fazenda Vale do Boi, do selecionador Epaminondas de Andrade, em Carmolândia, TO, os bezerros candidatos a tourinhos são suplementados com proteinado de baixo consumo durante a seca, que se segue à desmama, na proporção de 0,1% do peso vivo, ou cerca de 200g/cab/dia. Quando chegam as chuvas, em outubro/novembro, eles são transferidos para pastagens rotacionadas de braquiarão ou mombaça e recebem sal energético. “O período das águas é muito importante, pois temos o vento a nosso favor, ou seja, todas as condições são favoráveis ao desenvolvimento dos animais. É preciso tirar máximo proveito disso”, diz Ricardo José de Andrade, filho de “seu” Epaminondas e administrador da fazenda.

Nas águas, os novilhos deslancham, ganhando de 800g a 1 kg/cab/dia, conforme atestam as pesagens regulares. Quando chega a seca seguinte, já pré-estação de monta, eles começam a ser preparados para a venda, com o fornecimento de ração concentrada com 18% de proteína, no próprio piquete, durante 90 dias, em níveis moderados, de 500 g/cab/dia, para que cheguem aos 24 meses com o peso ideal. “Se a demanda por tourinhos está alta, elevamos a suplementação para 1 kg/cab/dia, de forma a melhorar rapidamente sua condição corporal e vendê-los aos 21-22 meses, logo após o término das avaliações do PMGZ – Programa de Melhoramento Genético da Raça Zebuína, conduzido pela ABCZ. Se o mercado não está bom, tiramos a ração. Se o estoque acaba, voltamos a suplementar. Para cada situação, recorremos à estratégia mais indicada”, diz Ricardo.

Tourinhos Nelore da Fazenda Vale do Boi, ofertados no shopping, que normalmente ocorre no começo de junho.

Já os animais que vão ser ofertados no shopping da fazenda, em junho, são submetidos a outro programa nutricional. Cerca de 90 dias antes do evento, os tourinhos passam a receber 1% do peso vivo em ração, ou cerca de 5 kg/cab/dia. Como permanecem no pasto, também recebem um pouco de forragem picada, para evitar que rapem o capim. O shopping é a principal vitrine da Vale do Boi. Nele são ofertados os 100-120 tourinhos mais bem avaliados a cada ano. A fazenda, de 1.800 ha, conta com um plantel de 1.000 matrizes PO e tem quatro touros, entre os 20 melhores raçadores Nelore, com destaque para Imperador VB da Vale, terceiro lugar no Índice de Qualificação Genética do Sumário Embrapa/ABCZ 2011.

FORÇA DO VISUAL – O objetivo do tratamento pré-venda, segundo informa Ricardo Andrade, é melhorar a aparência do tourinho e valorizar a sua genética. “O comprador escolhe muito pelo visual. Mesmo guiando-se pelas DEPs e outras medidas genéticas, se o touro está mais enxuto, ele não compra”, diz.

Epaminondas de Andrade (ao centro) com os filhos Ricardo e Paulo

A superalimentação, contudo, é prática proibida na Vale do Boi. Ao chegar à fazenda do comprador, cerca de 90% dos tourinhos da marca são levados diretamente para o pasto, para cobrir a vacada, e se adaptam às condições rústicas de campo. “Monitoramos o seu desempenho pós-venda. Em 30 anos de seleção, tivemos de trocar somente quatro reprodutores”, afirma Ricardo.

Pela experiência do veterinário Galvani, ninguém compra touro de tipo atlético, só músculos. Em geral, escolhe-se o macho de estrutura corporal mais avantajada, porque se associa a ela a capacidade de transmitir peso ao bezerro. “Como não há treinamento para se comprar um bom reprodutor, o comprador é fisgado pelo olho. É preciso escolher aquele que melhor atende o sistema de produção da fazenda”.Uma prática arriscada, adverte, é investir na compra de um touro jovem tratado em baia com ração, pois ele não está acostumado às condições de campo. “Em consequência, sentirá muito o peso do serviço e poderá desmanchar, ou seja, perder condição corporal rapidamente”. Também não é bom um animal abaixo do padrão: “Um touro de dois anos, com peso de 450 kg, pode não cobrir direito as vacas”, alerta Galvani.

Reprodutores jovens devem cobrir, inicialmente, um número menor de vacas, para que não se desgastem.

Ao pecuarista que não dispõe de olhar treinado, o veterinário recomenda que contrate um técnico para auxiliá-lo na compra. Outra recomendação é informar-se, junto ao vendedor, sobre o programa nutricional utilizado na preparação do animal. Se ele passou a seca perdendo peso, por exemplo, e depois foi alimentado no cocho com muita ração, por período relativamente prolongado, deve receber, ao chegar à fazenda, um tratamento diferenciado – cobertura de um número menor de fêmeas, suplementação de manutenção etc. Caso contrário, se for colocado para cobertura em pasto pobre, sem trato algum, poderá sofrer muito. “O ideal é monitorar a sua condição corporal ao longo da estação de monta (leia sobre cuidados como touro jovem no quadro ao lado)”, diz Galvani.

…   …

Cuidados com o tourinho

Os touros recém-adquiridos, ou de primeiro serviço, devem receber tratamento especial, para que cheguem ao final da estação de monta em boa condição corporal. A seguir, alguns cuidados básicos, recomendados por técnicos:

• Colocar os tourinhos em companhia de novilhas, ou de um número menor de vacas, em comparação com os reprodutores adultos, pois eles têm alta libido e se cansam rapidamente, devido ao excesso de coberturas, muitas não conclusivas. Se o lote de fêmeas for grande, a taxa de prenhez poderá resultar baixa.

• Monitorar a sua condição corporal, com a leitura de escore corporal, ou pesagens, antes e depois da estação de monta, para detectar eventuais desgastes, que afetem a produção espermática. Caso haja perda de massa muscular, o animal deve ser suplementado.

• Não misturar touros jovens com adultos, pois estes são dominantes e podem agredi-los, restringir o seu acesso à água e aos alimentos e prejudicar o seu desempenho sexual, impedindo os de cobrir as vacas.

• Para evitar a perda de muito peso durante a estação de monta, o animal deve ser suplementado 30 dias antes de entrar em serviço e durante o período de cobertura. Após o término dos trabalhos, deve ser examinado, para verificação de eventuais problemas físicos.

Obesidade x desempenho

O fornecimento de dietas muito energéticas leva ao acúmulo de gordura no tecido escrotal, o que impossibilita a perda de calor nos testículos e provoca desequilíbrio na síntese de testosterona e na produção de sêmen. Pesquisas realizadas com dietas de baixo, médio e alto nível energético mostraram que os animais superalimentados apresentaram menor produção espermática e problemas nas articulações, que dificultam a monta.

Para produzir uma quantidade adequada de esperma, o touro demanda um aporte energético apenas 5%-10% acima dos níveis de manutenção, necessidade menor do que as de um animal em crescimento, por exemplo. Portanto, não convém exagerar na sua alimentação. O correto é mantê-lo com escore corporal 3 ou 4, numa escala de 1 a 5, condição adequada ao seu bom desempenho.

http://issuu.com/revistadbo/docs/dbo_371

Risco para a tropa

Revista DBO nº 370 – Ago 2011

Pastagens | Manejo

Surtos de cólicas em equídeos após ingestão de capins do gênero Panicum  dizimam os animais de serviço na região Norte.

Prejuízos gerados por surtos de cólica em equídeos no bioma amazônico continuam a preocupar pecuaristas e pesquisadores. Ao pastejar áreas de Panicum maximum, como Massai, Mombaça e Tanzânia, na época da rebrota, os animais apresentam quadro de cólica aguda e parte deles morre horas depois. Embora os primeiros casos tenham sido registrados em 2001, ainda não foi identificado o agente causador. Sabe-se apenas que as complicações surgem na época das chuvas, principalmente no início do período, quando ocorre a rebrota, em Estados do Norte, como Acre, Maranhão, Pará, Amazonas, Tocantins e norte do Mato Grosso.

Os sintomas são semelhantes aos das cólicas comuns. Os equídeos apresentam timpanismo e dilatação abdominal, gerados pela parada dos movimentos intestinais e pela alta produção de gases. As mucosas congestionam-se e, em alguns casos, ocorre refluxo nasal. Devido às fortes dores, alguns animais contorcem-se no solo, enquanto outros permanecem em posição conhecida como de “cão sentado”.

O tratamento consiste em retirar a tropa do pasto imediatamente e aplicar analgésico. A seguir, estimulam-se os animais a andar, o que auxilia no funcionamento do intestino. Em casos graves, intervem-se com a introdução de uma sonda no aparelho respiratório, a fim de reduzir a pressão abdominal. “O emprego da sonda traz bons resultados, e, sob a orientação do veterinário, qualquer pessoa pode executar o procedimento”, afirma José Diomedes Barbosa Neto, pesquisador da UFPA Universidade Federal do Pará. Depois de adotados esses procedimentos, a taxa de mortalidade caiu de 60% para 40%.

Diomedes, que há oito anos coordena pesquisas sobre o tema, estima que 30 mil animais entre cavalos, burros e jumentos, morreram nos últimos 10 anos, em decorrência dos surtos de cólica. O número elevado preocupa pecuaristas da região, que se têm ressentido da carência de tropa de serviço. Em 2008, em apenas um dia, a Fazenda Vale do Boi, de Carmolândia, no norte do Tocantins, perdeu 16 animais, entre muares e equinos. “Conseguimos salvar a maioria com a medicação e os tratos, mas o prejuízo foi grande”, diz o proprietário Epaminondas de Andrade. Quem atendeu o caso foi o médico veterinário Marco Augusto Giannoccaro da Silva, da Universidade Federal do Tocantins. “Naquele ano, socorri mais de 100 animais. Foi um período de altos índices de surtos na região”.

Neste ano, o fazendeiro Ricardo Alonso, da Fazenda Elge, em Paraíso do Tocantins, teve um prejuízo superior a R$ 30.000 com a morte de animais da tropa. “Eu havia acabado de comprar algumas matrizes, R$ 1.500 reais por cabeça”, afirma ele.

SINAIS – É forte a suspeita de que o problema esteja associado à ingestão do capim Massai. O Massai é uma das três cultivares de Panicum desenvolvidas pela Embrapa Gado de Corte, de Campo Grande, MS.A instituição iniciou as pesquisas sobre essas gramíneas em 1982, para oferecer melhores opções aos pecuaristas. Foram lançados o Tanzânia, em 1990, e o Mombaça, em 1993. Devido à susceptibilidade de diversos cultivares ao ataque da cigarrinha-das-pastagens, a Embrapa lançou em 2001 o Massai, resistente a ela, depois de ter realizado pesquisas em sete Estados: Acre, Piauí, Pará, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Distrito Federal, Tocantins, Rondônia e Distrito Federal. Graças às suas características de rápida brotação no início das chuvas e de ótima cobertura de solo, a cultivar difundiu-se rapidamente.

Informados do problema, pesquisadores da Embrapa, em workshop realizado em 2009, lançaram o Comunicado Técnico 114, no qual advertem que em regiões de ocorrência da enfermidade, deve evitar-se, durante a época chuvosa, o pastejo exclusivo por equídeos das três cultivares de Panicum.

Valdemir Antônio Laura, chefe-adjunto de pesquisas e desenvolvimento da Embrapa Gado de Corte, enfatiza que a recomendação é não alimentar equinos com monocultura dessas variedades. Na página da Embrapa na internet sobre a a cultivar Massai, porém, não se faz ressalva para o seu uso por equinos na região amazônica. O texto encerra coma seguinte recomendação: “Preferencialmente para bovinos, ovinos caprinos e equinos”.

FALTA DE RECURSOS – O pesquisador Diomedes, observa que faltam recursos e pessoal para pesquisar sobre o problema. Ele informa que o projeto intitulado “Estudo da etiologia e de métodos profiláticos da cólica em equídeos pela ingestão de Panicum maximum no bioma amazônico” recebeu apenas R$ 120.000, dos R$ 400.000 necessários. Depois de ter pesquisado o problema por oito anos, ele levanta três hipóteses para a sua ocorrência, sendo amais provável a presença no capim Massai de saponinas, que são agentes do metabolismo secundário vegetal semelhantes a bactérias, caracterizados pela formação de espuma no tecido da planta, responsáveis pela intoxicação. “O trabalho perdeu consistência, porque sem recursos a reprodução do capim não pode ser feita no ambiente de seu crescimento em diferentes regiões, como a pesquisa exige”, lamenta.

Uma outra hipótese, segundo a pesquisadora Valíria Cerqueira, é a suspeita de que o clima amazônico transforma os carboidratos do capim em frutanas, um tipo de carboidrato de fácil digestão, que seria responsável pelo excesso de gases emitidos. O pesquisador Franklin Riet Correa, da UFCG – Universidade Federal de Campina Grande, PB, também investiga essa hipótese. “O problema pode ser causado pelos carboidratos facilmente fermentáveis. Mas a pesquisa requer muito tempo”, observa. Assim como no caso das saponinas, são necessárias áreas de cultivo para experimento em diferentes regiões e verbas para o projeto. A ausência de recursos deixou a pesquisa de Cerqueira estacionada.

Além dessas hipóteses, os pesquisadores levantam uma terceira – a existência de microrganismos endofíticos – fungos e bactérias – nos capins, responsáveis pela produção de alcalóides tóxicos. Porém, inexiste projeto de pesquisa que se ocupe dela.

Pesquisa registra problema semelhante em bovinos

Sintomas semelhantes aos manifestos em equinos foram identificados em bovinos sobre pastagens de Panicum na região amazônica. Levantamento feito em rebanhos leiteiros pelo pesquisador Franklin Riet Correa, da Universidade Federal de Campina Grande, PB, entre janeiro e maio de 2011, no município de Ourem, no nordeste do Pará, registra a sua ocorrência. Em experimento relatado por Franklin, por três vezes os animais foram retirados do capim Tanzânia, para evitar perdas na produção leiteira, depois de sete deles terem adoecido no início de janeiro. Exames identificaram a ocorrência de distensão abdominal. Detectou-se também a parada dos movimentos intestinais e a presença de excesso de gás no intestino. Apenas um animal apresentou cólica, e alguns tinham as fezes mais secas e outros, fezes pastosas em grande quantidade. “Percebe-se que os animais deixam de se alimentar devido à enfermidade”, diz o pesquisador.

Depois de identificado o problema, os animais foram retirados do Tanzânia e reinstalados no mesmo pasto, uma vez recuperados. No início de maio, outros cinco animais apresentaram sinais clínicos da enfermidade e foram retirados, mas se recuperaram-se em até quatro dias. No final do mês, outros sete animais voltaram a apresentar os mesmos sintomas, após oito dias de pastejo. Para Correa, isso é sinal evidente de que o Panicum também pode afetar os ruminantes. “O problema ocorre também em bovinos, mas em menor escala do que em equinos”, conclui Correa.

A pesquisa leva à suspeita de que a rotação nos piquetes, de 28 dias, fez com que os animais sempre consumissem o capim em brotação, período coincidente com o de índices mais elevados de cólica em equinos. A sugestão ao pecuarista é que espere um pouco mais até o capim amadurecer e evite o pastoreio do gado durante a rebrota.

Surto semelhante foi observado também em pastagens de Mombaça, no Pará, em abril. Ao serem introduzidos empastagens em brotação, bovinos de diferentes idades apresentaram sintomas semelhantes aos registrados no gado leiteiro de Pombal. Na primeira área, dezoito vacas, de um total de 60, apresentaram o problema, e o mesmo ocorreu em 60 garrotes de um lote de 140, quatro dias após terem sido introduzidos em pastagem de Mombaça na fase de rebrota.

Além do Mombaça, o Massai também apresentou problemas em bovinos. Na Fazenda Vale do Boi, no Estado de Tocantins, o proprietário Ricardo Andrade observou uma que da acentuada na taxa de prenhez em vacas e novilhas mantidas em pastagem de Massai. Em novembro de 2008, nenhuma de suas 40 matrizes emprenhou, depois de alimentadas exclusivamente com Massai. “É estranho, pois tanto o touro quanto as matrizes apresentaram bons índices em anos anteriores”, diz Ricardo. No ano seguinte, ele colocou um outro lote de 40 vacas, com outro touro, no mesmo pasto, para avaliar o resultado. A taxa de prenhez ficou em 12%, abaixo da média de 80% registrada nas demais áreas da fazenda. Em 2010, a área de Massai deixou de ser utilizada para alimentação de gado em reprodução. “Estamos substituindo por Mombaça, que sempre nos ofereceu bons resultados”, informa Ricardo.

http://issuu.com/revistadbo/docs/_.dbo_370_ago

PMGZ é o filtro de qualidade da marca VB da Vale

A Fazenda Vale do Boi que fica no município de Carmolândia, região de Araguaína no estado do Tocantins utiliza o banco de dados da ABCZ e as informações do PMGZ para selecionar touros e matrizes há mais de trinta anos.

Na propriedade de 1900 hectares é mantido um rebanho com 1000 matrizes. A cada ano são produzidos e colocados no mercado cerca de 300 touros.

O criatório, um dos pioneiros no PMGZ, teve no ano passado 26 animais indicados ao CEP Platina e atualmente aparece no sumário com 4 touros entre os 20 melhores da raça nelore, sendo que o reprodutor Imperador VB da Vale desponta como o melhor pai da geração 2009.

Quase 100 no Dia de Campo do PMGZ em TO.

Quase uma centena de criadores, profissionais técnicos, professores e universitários participaram do Dia de Campo do PMGZ na Fazenda Vale do Boi.

Eles ouviram os depoimentos do criador Epaminondas Andrade e do filho Ricardo Andrade que é zootecnista e atualmente gerencia a Vale do Boi. Ambos destacaram o comprometimento da equipe de manejo, os cuidados com as pastagens cultivadas e a escolha criteriosa dos prestadores de serviço que atendem o agronegócio pecuário, mas enfatizaram a influência positiva e segura do PMGZ na formação e evolução contínua da qualidade genética do plantel. “Os índices do Sumário nos indicam com precisão quais os caminhos que devemos seguir para manter a seleção dentro do nosso foco, que é ter animais capazes de transferir características de eficiência aos filhos que vão integrar projetos de pecuária seletiva ou servir rebanhos comerciais para produção de bezerros, tourinhos ou gado de corte”.

O gerente de corte do PMGZ, Lauro Fraga Almeida, explicou como funciona e quais as vantagens da utilização do sistema informatizado. O investimento no PMGZ é de R$ 3 por animal durante toda a vida dele e entre muitas vantagens, a metodologia científica traduzida em números gera economia de recursos quando são mantidos na fazenda só os animais verdadeiramente produtivos e reduz o tempo que o criador precisa quando o objetivo é “construir” o próprio plantel. A ferramenta tecnológica aliada à observação diária dos lotes, gestão moderna e a busca contínua de melhorias estruturais são os ingredientes de sucesso, por exemplo, do promotor do Dia de Campo.

Shopping Vale do Boi

O Shopping Vale do Boi 2011, homologado pela ABCZ, vai ser realizado no dia 28 de maio durante todo o dia. Estão em oferta 130 reprodutores e matrizes nelore com IQG positivo sendo que a média para os touros é TOP 3%.

Quem participou do Dia de Campo teve a oportunidade de ver de perto o gado listado no catálogo, alguns touros VB da Vale, contratados por central, outros que estão sendo preparados com o mesmo objetivo e vacas que foram capazes de colocar os filhos na indústria de sêmen.

http://www.abcz.org.br/noticias/4184

Palestra do Dr Moacyr Corsi lotou o tatersal do parque

A parceria SRA, Shopping Vale do Boi, Caltins e Agroquima reuniu mais de 200 produtores rurais e estudantes no tatersal do Parque de Exposições Dair José Lourenço no dia 2 de abril para a palestra sobre formação e recuperação de pastagens do professor doutor Moacyr Corsi.

Durante a palestra o professor Moacyr Corsi falou sobre a importância da pastagem para o desenvolvimento dos animais e as adequações que devem ser feitas para a região.

http://portalsra.com.br/files/download/20090520173551_informativo_sra_121_site.pdf

Palestra com Moacyr Corsi abordará o tema Recuperação e Reforma de Pastagens – Onde estão os lucros e os prejuízos

O Sindicato Rural de Araguaína, a Fazenda Vale do Boi, a Caltins e a Agroquima realizarão hoje, dia 2, a partir das 17 horas, no tatersal do Parque de Exposições Dair José Lourenço, a palestra Recuperação e Reforma de Pastagens – Onde estão os lucros e os prejuízos, com o professor e doutor Moacyr Corsi, de São Paulo.

O objetivo do encontro é promover e fortalecer a agropecuária da região e contará com a presença de produtores rurais de todo o norte do Estado. Amanhã, dia 3, o doutor Moacyr Corsi estará dando consultoria no Shopping Vale do Boi, a partir das 8 horas.

Dados do palestrante:

Moacyr Corsi possui graduação em Engenharia Agronomica pela Universidade de São Paulo (1967), mestrado em Agronomy – Ohio State University (1970), doutorado em Agronomy – Ohio State University (1984) e doutorado em Ciencia Animal e Pastagens pela Universidade de São Paulo (1972). Atualmente é professor titular da Universidade de São Paulo. Tem experiência na área de Zootecnia, com ênfase em Fisiologia de Plantas Forrageiras, atuando principalmente nos seguintes temas: manejo de pastagens, fisiologia de plantas forrageiras, forragicultura, alfafa.

Informações: Epaminondas de Andrade Coordenador do evento 63 3414 3020

http://portalsra.com.br/noticia.php?l=3e85b65ee65a51e45a2ce35558857cdb

Dia de Campo será realizado na Fazenda Vale do Boi

O Sindicato Rural de Araguaína, em parceria com a Fazenda Vale do Boi e Sementes JC Maschietto, realizam nesse sábado, 24, a partir das 7h30, na Fazenda Vale do Boi (Carmolândia–TO), o Dia de Campo com o tema “Formação de Pastagens”.

Segundo os organizadores, as palestras com os engenheiros e técnicos da JC Maschietto fazem parte do evento que é gratuito. As inscrições podem ser realizadas no dia do evento no local.

Programação:
Das 7h30 às 8 horas – inscrição e café da manhã;
Das 8 às 9 horas – palestra técnica sobre formação de pastagens
Cultura de pastagens;
Preparo do solo;
Plantio;
Problemas comuns na formação de pastagens;
Padrões de sementes;
Das 9 às 12 horas – demonstração prática de formação de pastagem;
– Dinâmica de máquinas;
Regulagem para VC comercial;
Regulagem para sementes mais puras;
Ás 12h15 – encerramento e almoço de confraternização

http://www.portalct.com.br/n/86903a10172488c0eb7aa313cd8bda3e/dia-de-campo-sera-realizado-na-fazenda-vale-do-boi/

Ícone do Boi Verde

Gazeta Mercantil Balanço Tocantins Set 2001

Tradicionais fazendeiros viram executivos da pecuária. Caso de Epaminondas de Andrade, 70 anos, pioneiro no melhoramento genético do rabanho nelore e correção de solos para pastagens. Ele acaba de vender a célebre fazenda Vale do Boi, mas a marca fica com a família.

O que muda no negócio do boi

Entra a tecnologia de ponta e atrás dela chegam as modernas técnicas de administração

A adoção de tecnologias modernas – como a seleção genética e a reprodução assistida – está mudando a cara da pecuária tocantinense. Nessa metamorfose, o negócio da criação de gado, como um todo, também se atualiza via adoção de técnicas administrativas voltadas para a qualidade total. Os fazendeiros de antes são chamados agora de executivos pecuaristas, responsáveis, em parte, pelo atual estouro da “boiada verde”.

De fato, o rebanho estadual de bois criados a pasto, o chamado “boi verde”, está aumentando à razão de 600 mil cabeças por ano. O crescimento em 2001 é equivalente a 10.7%, se comparado com o mesmo período do ano passado. O outro fator responsável pela expansão, porém, é a perspectiva de ganhar o mercado externo.

Ainda que a recente conquista do certificado da Organização Internacional de Epizootias (OIE), de área livre de febre aftosa com vacinação, não tenha aberto automaticamente as portas para o mundo, serviu de motivação para a melhoria na qualidade do rebanho. E representou um grande alento para a indústria frigorífica.

Um caso ilustrativo das novas tendências é o do criador Epaminondas de Andrade, de 70 anos, um genuíno executivo da pecuária. Há 18 anos e meio na fazenda Vale do Boi, em Carmolândia, na região de Araguaína, ele é o pioneiro na adoção de práticas de melhoramento genético, inseminação artificial, correção de solos para pastagens e controle informatizado de todos os procedimentos das propriedades. “Com mais cindo a sete anos, Tocantins vai assumir a primeira posição na pecuária de corte do País”, diz.

Andrade cita um conjunto de fatores – condições de clima, solos, expansão da fronteira agrícola e preço da terra – como elementos indutores da melhoria de qualidade na pecuária de corte. Ele lembra que os Estados do Sudeste – ao contrário de Tocantins – estão em fase de redução do plantel, e as terras migram para a pecuária leiteira e agricultura. “Um quilo de soja tem produção mais barata do que um quilo de carne, e ambos são commodities, com a diferença que a soja é mais fácil de transportar a longas distâncias.”

Segundo ele, as terras caras do Tocantins estão cotadas a R$ 1,5 mil o hectare, justamente na região de pecuária de corte mais desenvolvida. “Soma-se a esse preço compensador o menor custo de aprendizagem do pecuarista tocantinense, que hoje tem acesso a quase toda a base de tecnologia do campo, tanto em produtos como em procedimentos.”

A última prova de ganho de peso a pasto, realizada na Vale do Boi, confirma que as expectativas de Andrade não são infundadas. Na ocasião, pecuaristas de diversas localidades do Estado deixaram seus animais, de diferentes linhagens, alimentando-se em condições idênticas e o ganho médio diário de peso nos bois foi de 850g. Ele esclarece, contudo, que o desempenho não é uma decorrência pura e simples da genética apurada, mas sobretudo das boas condições ambientais e da qualidade do pasto. “Conseguimos chegar a resultados idênticos ao dos criadores de bois em confinamento, com até 1 kg de ganho diário em alguns animais, e sabemos que com mais tecnologia e nutrição adequada isto pode melhorar mais ainda”, anima-se Andrade.