Arquivo da categoria: Noticia

Notícias sobre a Fazenda Vale do Boi, seus produtos e gestores na imprensa.

Sem tumulto

DBO Jun 2007

Manejo tranquilo dos animais, usando bandeiras em vez de gritaria ou agressões, muda a vida (e a receita) de fazendas.

Na Vale do Boi, em Araguaína TO, o manejo racional não é uma novidade na fazenda. Por cultura interna, há proibição de ferrão ou agressividade no curral. Mesmo assim, o criador Epaminondas de Andrade sentiu a necessidade de avançar com recomendações mais técnicas. No final do ano passado, em vez de mandar o grupo para um curso fora da fazenda, ele abriu as portas da propriedade para um evento sobre o tema com a participação de interessados da região.

A receptividade do seu pessoal foi positiva. Tanto que nos dois meses seguintes já houve reflexo no bolso pela redução de perdas com contusões e melhor andamento nos nascimentos. “Sempre fizemos as etapas de cura dos bezerros, mas com o treinamento assumimos o trabalho com mais tranquilidade”, reconhece Ricardo José de Andrade, filho de Epaminondas, que administra a fazenda do pai.

Porém, para alguns colegas de aula de outras fazendas não se viu a mesma resposta. “Falta determinação no pessoal. Dizem que não tem tempo e que vão tentar na próxima fase de vacinação”, relata Ricardo. “É como aquela pessoa que precisa fazer regime, mas sempre vai adiando”, compara.

Circuito Boi Verde tem 6 mil carcaças julgadas

O 4º Circuito Boi Verde de Julgamento de Carcaças fechou o primeiro semestre de 2006 com chave de ouro. Somaram a marca de 6.129 mil cabeças, avaliados nos quesitos idade, peso e acabamento.

Em 2006, participam do Circuito sete Estados (ES, GO, MG, MS, MT, SP e TO), além do Paraguai. A estimativa da ACNB é atingir o número de 11 mil animais abatidos/avaliados nas 20 etapas previstas.

Realizado desde 1999, os abates técnicos já avaliaram 41.050 carcaças, de 874 criatórios.

O campeonato, que busca alcançar lotes cada vez mais padronizados, utiliza a nota ponderada para as características cronologia, cobertura de gordura e peso de carcaça é multiplicada por um indice que leva em conta o número de cabeças inscritas pelo produtor. Aplicado essa equação obtem-se os vencedores da etapa.

Única competição do gênero no País, o Circuito Boi Verde visa orientar os pecuaristas quanto aos parâmetros de maior liquidez comercial vigente no Brasil. Durante a disputa, o pecuarista entra em contato direto com as práticas de produção e industrialização de carne de qualidade. O CBV permite também o mapeamento do desempenho frigorífico dos animais da raça Nelore no Brasil e países vizinhos, além de proporcionar a troca de experiências e a valorização dos pecuaristas que se destacam no programa.

Confira as 9 etapas realizadas no primeiro semestre de 2006:

1ª Etapa  Nova Andradina/MS  Frigorífico Independência  20 a 22/3

Animais inscritos: 846

Animais classificados: 846

Pecuaristas participantes: 14

Medalha de Ouro (vencedor): Geraldo Aparecido Paleari

Medalha de Prata: Antônio Russo Neto

Medalha de Bronze: Santa Verginia Agropecuária e Extrativa Ltda

2ª Etapa  Anastácio/MS  Frigorífico Independência  23 a 25/3

Animais inscritos: 909

Animais classificados: 909

Pecuaristas participantes: 24

Medalha de Ouro (vencedor): Claudine Bobato Amorim

Medalha de Prata: Edgar Costa Marques Filho

Medalha de Bronze: Marcelo dos Santos Abraão

3ª Etapa  Campo Grande/MS  Frigorífico Independência  27 a 29/3

Animais inscritos: 835

Animais classificados: 835

Pecuaristas participantes: 15

Medalha de Ouro (vencedor): Kendi Shimada & Outros

Medalha de Prata: Raimundo Victor Costa Ramos Sharp

Medalha de Bronze: Walter Vieira Junior

4ª Etapa – GO – Mozarlândia  Bertim Alimentos – 17 e 18/04
Animais inscritos: 1.296 cabeças

Animais classificados: 1.296

Medalha de Ouro (vencedor): Luiz Augusto de Macedo Franco

Medalha de Prata: Marcos Vilela Rosa

Medalha de Bronze: Marconi de Faria Castro

5ª Etapa – GO – Goiania  Goias Carne – 25 e 26/04
Animais inscritos: 770 cabeças

Animais classificados: 770

6ª Etapa – MT – Tangará da Serra – Marfrig – 09 A 12/05
Animais inscritos: 996 cabeças

Animais classificados: 956

Medalha de Ouro (vencedor): José Olavo B. Mendes

Medalha de Prata: Agropecuária A. Giansante

Medalha de Bronze: Lucia A. J. Camara

7ª Etapa – TO  Araguaiana  Frigorífico Aragotins  07 a 08/6
Animais inscritos: 162 cabeças

Animais classificados: 162

Medalha de Ouro (vencedor): Marcio Contini

Medalha de Prata: Epaminondas Andrade

Medalha de Bronze: Mara Vilela Pereira da Silva

8ª – TO – Gurupi  Frigorífico Cooperfrigu  12 a 13/6
Animais inscritos: 136

Animais classificados: 128

Medalha de Ouro (vencedor): Paulo Naves

Medalha de Prata: Paulo Amaral Vasconcelos

Medalha de Bronze: Eugênio Menuci

9ª – ES  Colatina  Frigorífico Frisa  29 a 30/6
Animais inscritos: 228

Animais classificados: 227

Medalha de Ouro (vencedor): Arthur e Angelo Arpini Coutinho

Medalha de Prata: Arthur Arpini Coutinho

Medalha de Bronze: Rubens Garcia Rodrigues

Mais Info: Abate técnico

http://www.msnoticias.com.br/?p=ler&id=199227
http://www.pecuaria.com.br/info.php?ver=829

Shopping Vale do Boi 2006 (Revista Canal Lagoa)

Nos dias 08 e 09 de abril, aconteceu em Araguaína (TO), na Fazenda Vale do Boi, de Epaminondas de Andrade, o Shopping Vale do Boi. Foram disponibilizados 100 lotes de reprodutores e matrizes Nelore.

O gerente de produto Corte/Zebu da Lagoa, Ricardo Abreu, marcou presença ao lado de André Carreira, consultor de vendas da Central na região. “A fazenda, comandada por Epaminondas e seus filhos, Ricardo e Paulo, desenvolve um trabalho de seleção referência no norte do Tocantins. Podemos observar progênies destacadas de touros já conhecidos, como Marisco, Marel e Maghaiver. Os lotes de maior liquidez foram de filhos de touros da Central”, informa Abreu.

 

http://www.lagoa.com.br/canal/upload/canalmaio06.pdf

Quando dizer adeus aos touros

Com o fim da estação de monta, é aconselhável que os touros sigam para um pasto próprio, para um merecido descanso. “Se trabalharam bem na fase de acasalamento, estarão com condições corporais demandando cuidados e merecerão mesmo alguma suplementação alimentar”, comenta o pesquisador da área de Genética Aplicada da Embrapa Gado de Corte Antônio do Nascimento Rosa.

Rosa salienta, porém, que logo após a recuperação eles devem ser avaliados. De acordo com o resultado dos exames, se comprovada alguma deficiência, devem ser substituídos no rebanho o mais rapidamente possível. A idéia é que isto seja feito cedo para aproveitar a maior facilidade de venda para animais jovens. “Para reprodução, quanto mais novo um touro, mais fácil de ser vendido ou trocado; para abate, quanto mais velho, mais difícil será conseguir um bom acabamento de carcaça”, justifica o técnico. Além disso, a rapidez no descarte evitará que se trate do animal, durante meses, para eliminá-lo nas proximidades da nova estação de monta.

Rosa elenca os quesitos a se levar em conta na avaliação dos reprodutores: libido, fertilidade, condição dos aprumos dianteiros e traseiros, conformação frigorífica e valor genético, ou seja, a capacidade de transmitir suas características à progênie.

A idade para substituição dos touros também é quesito importante, pois se evita que venham a cobrir as próprias filhas. Um animal de qualidade comprovada deve ser mantido na propriedade, porém, o criador deve tomar os devidos cuidados para evitar acasalamentos consangüíneos.

Na Fazenda Vale do Boi, em Araguaína, TO, o pecuarista Epaminondas de Andrade mantém os reprodutores, em média, por dois anos no plantel. Diz que o procedimento facilita a comercialização. Estão excluídos da regra os touros que, após esse período, geraram progênies comprovadamente superiores às de suas contemporâneas. Sobretudo no que se refere à produção de matrizes boas criadeiras. “Claro que avaliamos a performance do touro durante a monta e sua condição corporal, mas não dá pra avaliar somente no olho. Após o serviço, selecionamos nossos reprodutores em função de seu valor genético, com ênfase em habilidade materna”, explica o criador. E confirma que o procedimento acontece logo após o término da estação.

A reportagem “Quando dizer adeus aos touros” foi escrita pelo repórter Gualberto Vita para a Revista DBO, em abril de 2006
http://www.portaldbo.com.br/noticias/DetalheNoticia.aspx?notid=34895

O real valor genético do zebu selecionado

Revista ABCZ Mar/Abr 2006

A Vale do Boi tem o rebanho nelore com maior número de CEPs PLATINA.

Tempo Técnico

O real valor genético do zebu selecionado

Na seleção, conhecer o real valor genético dos animais é essencial. Entre o valor genético real dos indivíduos e nossa avaliação, se interpõem camadas e camadas de elementos que desviam nossa atenção. Todos os esforços para remover essas camadas que falseiam nossas decisões são dignos de louvor. Em geral, eles demandam tempo e dinheiro, e aqueles que travam essa batalha merecem todo crédito. Neste espaço, desta edição, gostaria de apresentar algumas informações sobre o PMGZ – Programa de Melhoramento Genético de Zebuínos, trabalho que é conduzido pela equipe da Superintendência de Melhoramento Genético – SMG, com muita dedicação. É um conjunto pequeno de informações dada a dimensão real do programa, mas é válida sua divulgação. A proposta é mantê-la atualizada a cada edição da nossa revista.

Seu rebanho é especial?
Sabia que em seu rebanho podem existir animais especiais?
Animal com CEP (Certificado Especial de Produção) é animal especial, pois a ABCZ atesta sua superioridade genética e fenotípica.
Baseado nas Avaliações Genéticas ABCZ – Embrapa/CNPGC, os animais participantes do PMGZ são avaliados e determina-se seu IQG – Índice de Qualificação Genética.
Este IQG apresenta a seguinte ponderação:

IQG = 10% PM-EM + 15% PD-ED + 20% TMD + 30%PS + 10% IPP + 10% I2P + 5% PES

Onde:
PM- EM: DEP para efeito materno sobre o peso aos 120 dias (kg);
PD-ED: DEP para peso aos 240 dias (kg), efeito direto;
TMD: DEP para total materno sobre o peso a desmama (kg);
PS: DEP para peso ao sobre ano (kg);
IPP: Idade ao primeiro parto (dias) ;
I2P:DEP para intervalo entre o primeiro e segundo parto (dias);
PES: DEP para perímetro escrotal ao sobre ano (cm).

Os 8% melhores animais PO baseados neste índice (IQG) e nascidos na safra avaliada, são pré-candidatos ao CEP, portanto devem ser avaliados fenotipicamente por um técnico da ABCZ.
Assim, o intuito do CEP é identificar e disponibilizar ao mercado animais com genética superior e biotipo adequado à produção.

O CEP está dividido em quatro categorias:

CEP Platina: animais entre os 0,5% melhores IQG
CEP Ouro: animais entre os 2% melhores IQG
CEP Prata: animais entre os 5% melhores IQG
CEP Bronze: animais entre os 8% melhores IQG

Prova de ganho em peso

Por sua fácil execução e alta eficiência técnica, seja ela realizada a pasto ou confinada, a PGP – Prova de Ganho em Peso, é uma das provas zootécnicas que mais vem crescendo dentro do PMGZ. Conheça as PGP´s que encerraram e as que iniciaram em 2006:

Luiz Antonio Josahkian é superintendente-técnico da ABCZ.

http://www.abcz.org.br/site/produtos/revista/index.php?cb_mes=03&cb_ano=2006&idrevista=31

PMGZ: a sigla do melhoramento genético

Revista ABCZ Nov/Dez 2005

Programa da ABCZ caracteriza a genética do zebu; banco de dados é o maior do mundo.

Epaminondas de Andrade ainda era um principiante na lida com a pecuária, em meados da década de 1970, quando já se preocupava em responder à pergunta: como se fazer o melhoramento genético de zebuínos? “Naquela época, um amigo criador, bem mais antigo do que eu, e com mais experiência, me disse que, se para selecionar gado PO, tivesse que fazer o Ponderal, ele preferia parar de criar. Fiquei assustado, surpreso”, lembra o pecuarista ao recordar-se das provas iniciais de ganho em peso da ABCZ, em 1968.

Atuante na região Norte do Brasil, Epaminondas disse notar que, a exemplo do passado, muitos criadores da atualidade ainda não se atentaram para o valor dos programas de melhoramento genético como ferramenta de trabalho. “Existe, e prevalece, a cultura antiga do olho, da pessoa que utiliza o touro registrado, grande e bonito, com um grupo de vacas registradas, e que acredita estar fazendo seleção”, disse o criador, proprietário da fazenda Vale do Boi, no município de Carmolândia, no Estado de Tocantins.

Na sua propriedade, o selecionador de gado nelore sempre registrou – outrora no papel, hoje no computador – todas as informações de seu rebanho, até mesmo dos animais cara limpa. “É o que chamamos atualmente de valor agregado”, ressaltou, ao comentar que traz consigo esse conceito a partir de sua experiência como administrador de empresas. “Sabemos a habilidade materna de cada vaca da fazenda, inclusive, do rebanho comercial”, disse Ricardo José de Andrade, filho do criador.

Pioneiro na utilização do Programa de Melhoramento Genético de Zebuínos (PMGZ), Epaminondas de Andrade afirma que custos, receitas e índices de produtividade são termos incorporados ao seu negócio desde o início de sua atividade como pecuarista. “O rebanho evolui com mensuração”.

A ótica de trabalho do criador mineiro radicado no Tocantins rendeu dois pontos importantes em seu empreendimento. O primeiro deles é que, mesmo sem participar de pistas de julgamento, a genética da Vale do Boi está presente nos reprodutores que lideram o Sumário de Touros ABCZ/Embrapa; em segundo lugar, animais nascidos e criados na fazenda consagraram-se campeões em dois abates técnicos, na categoria Lote de Carcaça, realizados pela Associação dos Criadores de Nelore do Brasil (ACNB), em Tocantins.

“O PMGZ permite com bastante precisão, baseado em critérios técnicos, identificar os melhores animais do rebanho, e direcionar cada grupo e característica dos mesmos de acordo com o mercado específico que o produtor quer atingir. São várias as características observadas pelo Programa, que busca atender as mais variadas demandas da pecuária”, afirmou Nelson Pineda, diretor Técnico da ABCZ.

“Seleção não é descartar um animal que nasce mancando de uma perna. Não é tão simples assim”, emendou Epaminondas de Andrade, ao se declarar um aprendiz de genética com base na teoria da “ervilha de Mendel”, e assumir que ocorreram diversas mudanças na área científica nesses seus mais de 30 anos como pecuarista. “Alguém pode até dizer que alcança algum avanço genético sem programa de melhoramento, mas é um avanço irrelevante para a pecuária atual”, afirmou.

Ciência

Com o mundo cada vez mais conectado entre si, a influência direta da economia global no destino do setor produtivo é ainda maior; tendência que leva à equação: aumento de produtividade versus redução de custos. “Incorporar tecnologia é fundamental para que os pecuaristas aumentem o ganho na seleção de seus rebanhos”, salienta Carlos Henrique Cavallari Machado, superintendente técnico-Adjunto da ABCZ.

Segundo ele, a pressão diária do mercado cobra maior eficiência dos criadores e, conseqüentemente, mais perspicácia no processo de produção. “O PMGZ identifica os melhores animais com maior probabilidade de acerto. Com isso, o ganho genético é mais acelerado. Aumenta-se os genes favoráveis no rebanho e diminui-se os não desejáveis”, explica o diretor Pineda, que vê nas estimativas de valores genéticos (VG) uma das grandes ferramentas geradas pelo PMGZ ao selecionador.

O ganho genético a que Pineda se refere foi o que o gerente da fazenda Morada da Prata, Fernando Garcia de Carvalho, objetivou para o plantel tabapuã da propriedade quando adotou o PMGZ. Na época, Carvalho era diretor técnico da Associação Brasileira dos Criadores de Tabapuã (ABCT) e foi encarregado, também, de escolher qual o programa que seria adotado para raça com a oficialização da sua entidade.

“A base de dados do PMGZ é uma das suas grandes vantagens. Podemos comparar a tabapuã com outras raças zebuínas”, comentou o gerente da Morada da Prata, fazenda que completa sua 28ª Prova de Ganho em Peso, pela ABCZ. Atualmente, cerca de 25% dos animais tabapuã avaliados pelo PMGZ são pertencentes à Morada da Prata – a propriedade, localizada próxima à Batatais (SP), comporta 1.200 animais no total, sendo 500 deles matrizes.

“Existem clientes que querem animais com valor agregado. Os criadores geralmente são bons na seleção do ‘olho’, mas o PMGZ não faz seleção e, sim, melhoramento genético”, afirmou Fernando Carvalho, que há 13 anos atua na fazenda do interior paulista. Segundo ele, é importante o criador aliar o PMGZ ao Procan +, bem como incentivar e participar dos dias de campo promovidos pela ABCZ.

Carne e leite

O capixaba Carlos Fernando Fontenelle Dumans divide seu tempo entre o petróleo e a pecuária, mais precisamente com o guzerá NF. Engenheiro, Carlos Fernando trabalha na Petrobrás e ajuda a administrar a fazenda Fontenelle, localizada em Baixo Guandu (ES). Segundo ele, os animais da propriedade são todos provados em conformidade com os regulamentos das Provas de Leite da ABCZ. “Nos três currais da fazenda, uma vez por mês, é feita a pesagem oficial do leite por técnico da ABCZ para registro da produção leiteira”, comentou.

Adepta ao PMGZ, a marca NF tem sido destaque no Concurso Leiteiro da ExpoZebu desde 1992 quando atingiu produções como a das fêmeas Alvura NF (Reservada Grande Campeã), com 25 kg de leite/dia, sem ajustes, e Traíra NF (Campeã Vaca Adulta), com 31 kg/dia, ajustados para 4% MG.

Para reforçar o potencial de produção leiteira da raça guzerá, Carlos Fernando evidencia outros criatórios e cita como exemplo a quebra de recorde mundial do Concurso Leiteiro da ExpoZebu 2005, onde a fêmea Nagoia Taboquinha, registrou a maior produção de leite em torneios públicos da raça, com a produção média de 37,100 Kg/dia.

“Programas como o PMGZ são peças importantes para a seleção. Dão ao criador condição de verificar informações que vão servir para avaliar com maior eficiência as possibilidades de melhoramento genético do rebanho. É preciso dispor dessas informações para se melhorar a produtividade. Sem esse tipo de programa é muito mais complicado trabalhar com seleção”, reforçou Haroldo Fontenelle, que é tio de Carlos Fernando, proprietário da marca NF e ex-integrante do Conselho e do Colégio de Jurados da ABCZ.

Ambos acreditam que o gado guzerá desempenha bem a função de produzir carne e leite. Embora, o trabalho de reconhecer na seleção a dupla aptidão, segundo Carlos Fernando, não seja fácil. “É um desafio que programas como o PMGZ têm que superar”, sugeriu o engenheiro, “pois melhorar geneticamente o guzerá é um desafio permanente”, emendou.
Roberto Franco, criador de guzerá em Sales de Oliveira (SP) e Jussara (GO), reforça a tese de que o uso de um programa de melhoramento é peça indispensável para se fazer genética. “A base de dados da ABCZ é muito rica e as informações muito detalhadas. Isso nos dá tranqüilidade ao realizarmos a seleção dos animais da propriedade. É importante ter parâmetros detalhados quando se quer resultados eficientes e comprovados”, ressaltou.

Para Roberto Franco, que utiliza o PMGZ desde o seu lançamento, o programa tem evoluído muito, pois, atualmente, o criador tem acesso aos dados com maior facilidade. “É preciso saber como cruzar ou acasalar os animais para não correr o risco de descaracterizar o potencial do produto. E não adianta querer cruzar sem saber o que se está fazendo porque pode-se descaracterizar até a raça pura com isso”, alertou.

É para esse ponto que o diretor Técnico da ABCZ, Nelson Pineda, chama atenção, esclarecendo que as estimativas das DEPs em gado de corte e as PTAs em gado de leite, que correspondem a metade do VG, são o indicativos da probabilidade de um animal transmitir as suas qualidades a outro exemplar. “Participar do PMGZ, por si só, não significa que haverá progresso genético do plantel. Os dados utilizados e os reprodutores e matrizes eleitos são fundamentais no resultado”, recomendou Pineda. Segundo ele, uma coleta de dados sem precisão, e seriedade, é inválida e altamente prejudicial.

Importância do PMGZ

É o maior arquivo do mundo no que diz respeito a dados técnicos de bovinos. “Incialmente, o controle desses animais restringia-se a avaliações de características de padrão, como o tamanho das orelhas na raça indubrasil, nas primeiras décadas do século XX”, lembrou o presidente da ABCZ, Orestes Prata Tibery Júnior.

Percebendo a necessidade de ampliar as características avaliadas no zebu, a ABCZ iniciou, em 1968, as suas provas zootécnicas com a implantação do Controle de Desenvolvimento Ponderal (CDP), que trabalhou com medidas de quantidade, como os pesos em diferentes idades – através das Provas de Ganho em Peso (PGP). Naquela época, foram inscritos 996 animais, 448 machos e 548 fêmeas, sendo 531 da raça gir, 98 guzerá, 117 indubrasil e 250 nelore. No ano passado, a entidade contabilizou 142.279 animais inscritos no CDP, sendo 72.684 machos e 69.595 fêmeas.

Ao longo dos anos, a avaliação dos animais passou a levar em consideração características de valor econômico da produção, com vistas nos aspectos ambientais e sociais, o que incorporou ao PMGZ uma série de dados como a relação ossos/músculos, maciez e percentual de gordura na carne, fertilidade, resistência, avaliações de tipo (método EPMURAS) e outros. “Essa evolução do Programa demonstra o quanto nos preocupamos em atingir nosso objetivo, que é o de oferecer uma ferramenta ao criador que o auxilie na busca de um retorno econômico, aliado com maior contribuição social e menor impacto ambiental”, disse o superintendente Técnico da ABCZ, Luiz Antonio Josahkian.

Nova Fase

Há 26 anos, a Embrapa Gado de Corte é parceira da ABCZ, junto com o MAPA, na elaboração dos sumários de touros das raças zebuínas. O propósito dessa iniciativa foi disponibilizar, para as fazendas participantes do CDP, as avaliações de suas matrizes e animais jovens (machos e fêmeas). “Agora, evoluímos nessa parceria”, disse Luiz Otávio Campos da Silva, responsável pela equipe de melhoramento animal da Embrapa Gado de Corte, em Campo Grande (MS).

Segundo ele, ABCZ e Embrapa vão trabalhar em conjunto no sentido de “unir” as informações disponíveis nos sumários de touros existentes no mercado. “A idéia é que, desta forma, além de ser oportunizado maior entendimento dos resultados das avaliações genéticas que aparecem nos sumários, haja um entendimento do processo do melhoramento como um todo”, reforçou Luiz Otávio.

De acordo com o especialista da Embrapa, o trabalho, entendido como uma prestação de serviço, será baseado na sinergia entre o corpo técnico da ABCZ e o corpo de gerência e manejo das fazendas, podendo se dar de forma isolada ou agrupada. “Esta união viabilizará a melhoria de todo o processo que se estende desde a definição dos objetivos, passando pela eleição do conjunto de características a serem trabalhadas, coleta dos dados, seguindo até a utilização das informações geradas, assim como na aplicação de critérios de seleção”, informou Luiz Otávio.
A maior otimização do Programa entusiasmou ainda mais o pecuarista Epaminondas de Andrade, que fez uma ressalva sobre a evolução das avaliações técnicas da ABCZ: “Hoje, aquele meu amigo que era resistente ao Ponderal, utiliza o PMGZ”.

Box 01
Passos para instalação de um programa de melhoramento genético
• Identificar todos os animais com numeração única e permanente;
• Definir o número de matrizes do rebanho;
• Definir o número de touros necessários;
• Definir os critérios de seleção a serem adotados, consoantes com as tendências e exigências do mercado;
• Estabelecer uma estação de monta, sendo sugerido a de 90 dias ou menos;
• Introduzir, quando necessário, variabilidade genética, evitando consangüinidade inicial;
• É ideal que se descarte as vacas e novilhas vazias, sendo outra opção o descarte das vacas que falharem duas vezes em três anos ou ainda, implacavelmente, as que falharem por dois anos consecutivos;
• Avaliar o desempenho de todos os animais nascidos, mesmo que portadores de defeitos;
Subdividir o rebanho em categoria de sexo e idade para facilitar o manejo;
• Manter sempre os animais até o momento da seleção em grupos de contemporâneos;
• Usar a balança para medir;
• Subdividir as pastagens para receber os lotes de acasalamento, maternidade e desmama;
• Proceder a uma desmama organizada;
• Criar índices próprios de seleção, atendendo demandas genéticas específicas;
• Cuidar para reduzir o intervalo entre gerações, usando touros e vacas jovens na reprodução e substituindo, sempre que possível, as vacas mais velhas por novilhas melhoradas;
• Selecionar os animais pelo desempenho individual, procurando sempre conciliar os maiores diferenciais de seleção (no caso de seleção para peso, kg acima da média do grupo de contemporâneos) com outros critérios de seleção;
• Não usar somente touros aparentados entre si na reprodução, evitando dessa forma consangüinidade em níveis prejudiciais;

Box 02
Vantagens do PMGZ
• Melhora a fertilidade do rebanho
• Evidencia os animais, mais precoces
• Melhora os índices de ganho de peso
• Diminui o intervalo entre gerações
• Coloca à venda animais testados, agregando valor aos mesmos
• Proporciona aos criadores produzirem animais prontos para abate mais jovens

Box 03
Controle Leiteiro
O criador que deseja iniciar o controle leiteiro em seu rebanho deverá entrar em contato com a ABCZ, através de nossos escritórios ou filiadas. Há também o sistema de credenciamento de controladores, que permite ao criador indicar técnicos de sua região para executar os controles mensais na propriedade, reduzindo em grande parte os custos do processo.
São requisitos básicos para iniciar o controle leiteiro em uma propriedade:
• Toda matriz deve possuir identificação (RGN ou RGD)
• A matriz deve estar com no máximo, 75 dias de parida no primeiro controle
• O primeiro controle deve ser feito após o 5º dia de parição
• O intervalo entre controles deve ser no mínimo 15 e no máximo 45 dias

Ao final de toda a lactação com mais de três controles, é emitido pela ABCZ o Certificado de Produção em Controle Leiteiro Oficial. Nesse relatório são demonstrados todos os controles realizados, o que permite apresentar um gráfico onde podem ser visualizadas a curva e a persistência da lactacão. É demonstrada também a produção de leite em até 305 dias e produção de leite em até 365 dias de lactação.

http://www.abcz.org.br/site/produtos/revista/index.php?cb_mes=11&cb_ano=2005&idrevista=29

Vale do Boi conquista ‘melhor lote de Carcaça’

Informativo Nelore Ago 2005

Etapas inéditas integram avaliações do primeiro semestre

Um desempenho impressionante. Essa é a avaliação a que se pode chegar ao analisar os resultados da terceira edição do Circuito Boi Verde de Julgamento de Carcaças no primeiro semestre deste ano. O Circuito, iniciativa da Associação dos Criadores de Nelore do Brasil (ACNB) em conjunto com a Tortuga Cia. Agrária e Zootécnica e associações regionais de criadores de Nelore, acumulou sucessos quantitativos e qualitativos. Além do expressivo volume – 7.713 animais inscritos em 12 etapas, contra os 5.751 animais das 13 etapas do ano passado -, foram realizadas etapas inéditas que contribuíram para aumentar ainda mais a abrangência do Circuito.

“Entre o final do mês de fevereiro e a primeira quinzena de junho, a equipe técnica da ACNB acompanhou as etapas realizadas em seis Estados brasileiros mais a etapa internacional, ocorrida em Assunção, no Paraguai”, registra Eládio Curado de Vellasco Filho, gerente de produto da ACNB. “Com as avaliações que devem acontecer nos próximos meses nessas localidades, vai ser possível estabelecer parâmetros sobre as diferenças observadas nos rebanhos em diferentes estações”.

E é exatamente o que se pretende fazer no Tocantins. Essa é a primeira edição em que são promovidas etapas no Estado e a adesão tem sido tanta, que planeja-se promover outra etapa no mês de setembro. Os resultados impressionaram. “Nossa intenção agora é obter dados sobre o desempenho do rebanho no período de seca, que está por vir, e comparar os dados com os registrados no período das águas”, comenta Nilton Cesar Marques, secretário executivo da Associação dos Criadores de Nelore de Tocantins (ACNT), parceira da ACNB na organização do Circuito Boi Verde no Estado.

Nesse primeiro semestre, as etapas do Circuito Boi Verde de Julgamento de Carcaças abrangeu os Estados do Espírito Santo (1 etapa – 260 animais inscritos), Goiás (2 etapas – 1.815 animais inscritos), Mato Grosso (1 etapa – 702 animais inscritos), Mato Grosso do Sul (4 etapas – 3.525 animais inscritos), Minas Gerais (1 etapa – 314 animais), Tocantins (2 etapas – 666 animais inscritos), mais a etapa internacional, realizada em Assunção, no Paraguai (1 etapa – 431 animais inscritos. Vale lembrar que os dados coletados sobre desempenho dos rebanhos nas plantas de abate contribuem para identificação de regiões potenciais para venda de touros Puros de Origem (PO) selecionados. Daí a relevância de uma iniciativa abrangente como o Circuito.  Acompanhe os vencedores das etapas de Araguaiana (TO) e Colatina (ES), ainda não publicados no Informativo Nelore.

12ª Araguaina (TO) – Frigorífico Boiforte
378 animais inscritos e 12 pecuaristas participantes

Melhor Lote In Vivo Campeão: Epaminondas de Andrade
Reservado Campeão: Sandoval Lobo de Cardoso

Melhor Lote Carcaça Campeão: Epaminondas de Andrade
Reservado Campeão: Sandoval Lobo de Cardoso

Mas info: Abate Técnico – Circuito Boi Verde

Circuito Boi Verde – Abate Técnico ACNB – Araguaína Tocantins Jun/2005

Fazenda Vale do Boi com os melhores resultados no Abate Técnico, “Circuito Boi Verde” promovido pela ACNB (Associação dos Criadores de Nelore do Brasil) e ACNT  (Associação dos Criadores de Nelore do Tocantins) em Araguaina Tocantins.

Dando continuidade ao trabalho de mobilização de produtores para fomentar a criação do gado Nelore e comprovar as vantagens deste animal como produtor de carne de qualidade, a Associação dos Criadores de Gado Nelore do Tocantins (ACNT) , realizou em Araguaína mais uma etapa do Circuito Boi Verde de Julgamento de Carcaças. O evento aconteceu durante a Exposição Agropecuária de Araguaína, no mês de Junho, contanto com a participação de técnicos e criadores da região.

“Este abate vem fortalecer a produção de bovinos de corte aqui na região de Araguaína. Fortalece e motiva os criadores a entenderem que devem se adequar às normas de consumo, tanto internas como externas, produzindo animais padronizados para um melhor aproveitamento e comercialização. “ – João Batista Rezende, chefe do escritório da ABCZ e, Araguaína.

“Quando você faz um abate técnico como esse que foi feito no Tocantins, colocando vários pecuaristas avaliando os animais em termos de precocidade, idade de abate, qualidade da carcaça e grau de acabamento, você está colocando o pecuarista em contato seu mercado. Ele pode avaliar se está no caminho certo, produzindo o que realmente necessita ser produzido para atender o mercado de forma eficiente e competitiva.“ – Maurício Bassani, gerente da Tortuga TO.

“Este abate técnico traz muito beneficio para nós, produtores de carne. Ele diz quais são as diretrizes e qual carne ideal de mercado. Com isso aprimoramos a genética, qualidade de carne, qualidade de produto. É muito importante este tipo de iniciativa aqui em Araguaína.“ – Rodrigo Guerra, presidente do Sindicato Rural de Araguaína.

Na etapa do Circuito Boi Verde em Araguaína, a Fazenda Vale do Boi obteve os melhores resultados.

“Num trabalho de seleção é necessário direcionar o trabalho para um objetivo. Meu trabalho sempre foi direcionado para uma carcaça mediana com acabamento mais precoce. Animais mais equilibrados em suas dimensões tendem a ser mais precoces, não só no acabamento, mais também na fertilidade.” assinala Epaminondas de Andrade, da fazenda Vale do Boi.

Apoiada no conhecimento técnico de campo, pesquisadores e pecuaristas experientes com os abates técnicos realizados no Tocantins e os julgamentos dos animais in-vivo e de suas carcaças, a ACNT vem obtendo excelentes resultados dentro do programa de qualidade do Nelore Natural PQNN.

Mas info: Concursos de Carcaça

https://www.youtube.com/v/A60qkhLM-B4

Um novo polo de pecuária no norte

O Pará tem atraído pecuaristas de várias regiões do Brasil e hoje possui o quarto maior rebanho bovino do País, estimado em 15 milhões de cabeças, concentradas principalmente no sul e sudeste do Estado, com 9 milhões de animais. “O Pará é um grande banco de genética. Entre todos os Estados é o que mais tem investido”, garante o pecuarista Marco Marcelino de Oliveira, do Grupo Campo de Boi. “Cerca de 60% dos animais ofertados nos grandes leilões de Uberaba (MG) são comprados por criadores do Pará”, diz o criador. Só para ilustrar, ele informa que animais da Fazenda Cedro, pertencente a Benedito Mutran, e da Fazenda Arataú, do Grupo Queiroz Galvão, ambas no Pará, venceram os três últimos grandes campeonatos da ExpoZebu. “Nas fêmeas, o resultado tem sido extraordinário, tanto no nelore-padrão como no mocho.”

Há 40 anos, Marcelino de Oliveira saiu da Paraíba e desembarcou no Pará com o propósito de fundar a divisão agropecuária de uma multinacional da área veterinária. “Cheguei, gostei, fiquei, casei e comprei fazenda e gado”, conta. Gostou tanto que atualmente possui 10 mil animais, sendo 1.700 matrizes registradas. Dessas, 276 doadoras. Os animais de corte são criados em pastagens de braquiarão e quicuio e os produtos de genética são confinados.

“A elite da pecuária nacional tem fazenda no sul do Pará”, afirma o paulista de Guará Cesar Luiz Rodrigues de Freitas, dono do Frigo Class, com duas unidades, uma em Marabá (PA) e outra em Promissão (SP) – o antigo Frigo Dias, recém-inaugurado –, ambas liberadas para exportação.

Segundo o paulista José Francisco Diamantino, o rebanho paraense é muito bom e está crescendo em qualidade e quantidade. “Os pecuaristas da região são todos competentes e tradicionais”, diz. “São, na sua maioria, de São Paulo, Paraná e Minas Gerais, trabalham muito bem a questão de sanidade e procuram a precocidade dos animais.” Nesse aspecto, ele diz que, há cinco anos, o Estado era classificado como de “risco desconhecido” pelo Ministério da Agricultura, em relação ao controle da febre aftosa. Com um trabalho persistente dos produtores e apoio do governo, o Estado evoluiu, passando para alto e médio riscos. “Esperamos, este ano, alcançar o status de livre de aftosa, com vacinação.”

Diamantino usa tecnologia de ponta: inseminação artificial, transferência de embriões, acasalamentos dirigidos e fecundação in vitro. Ainda novo, saiu de São Paulo, com os pais, para o Paraná. “Soubemos que o Incra estava abrindo a Transamazônica e estava doando lotes pequenos e vendendo lotes maiores, por meio de licitação”, conta. “Compramos as primeiras terras em Altamira e iniciamos a criação de gado há dez anos.” Depois, montaram uma concessionária de automóveis em Marabá. Foram crescendo, aumentando as terras e adquirindo tecnologia. “Copiamos o modelo de Benedito Mutran, um fazendeiro da região, pioneiro em embriões e acasalamento”, diz. Contrataram técnicos da região e especialistas em melhoramento genético, entre eles o veterinário Maurício Teixeira. Depois incorporaram à equipe um especialista em reprodução animal, Joaquim Correia, que a cada 30 dias visita a fazenda e hoje faz a parte de transferência de embriões. Na mesma visita ele dá assistência a mais dois criatórios: o de Benedito Mutran e o da Fazenda Arataú.

De acordo com o pesquisador da Embrapa Amazônia Oriental, coordenador do Núcleo da Embrapa em Marabá (PA), Raimundo Nonato Brabo Alves, na região predomina a pecuária extensiva, basicamente com o gado nelore. “Em genética a região está bastante avançada, os pecuaristas estão na frente”, observa. “Tanto que hoje as pesquisas estão voltadas para o melhoramento e a diversificação de pastagens.” Predomina na região o pasto de capim quicuio, do gênero braquiária, principalmente o braquiarão. Mas já estão ocorrendo problemas, como morte de pastos de braquiarão, por causa da falta de fertilização.

Alves afirma que, segundo estimativas, a Amazônia Legal tem 1 milhão de hectares de pastagens degradadas e, por isso, há três anos, o foco dos trabalhos da unidade voltou-se para a integração pecuária-agricultura, visando a elevar a produtividade da pecuária com o plantio de grãos. Como vantagens do sistema, o pesquisador cita a recuperação das pastagens degradadas por meio da fertilização do solo, o aumento da capacidade de lotação e da produção de carne por área. No aspecto econômico, um dos benefícios apontados por Alves é a estabilidade econômica, com o crescimento da pecuária de corte e de leite e a produção de soja, milho, arroz, feijão e sorgo. Em termos ambientais, Alves explica que o sistema ajuda a reduzir a pressão sobre as florestas, aumentando a produtividade pecuária nas áreas nas quais já existe a atividade.

Os pecuaristas do Estado vendem boi em pé para o mercado regional e Nordeste. Já os frigoríficos comercializam carne na região e enviam carne desossada para São Paulo. Levando em conta a localização do Estado em relação aos mercados europeu e americano, os pecuaristas estão apostando na queda das barreiras sanitárias, em breve.

Segundo Roque Quagliato, do Grupo Irmãos Quagliato, que possui várias fazendas na região, o problema das barreiras continua sendo um entrave para as exportações. Ele conta, porém, que, em maio deste ano, dez criadores conseguiram liberar a exportação de 2 mil nelores cruzados vivos para o Líbano, uma negociação encabeçada pelo Frigorífico Minerva, de Barretos (SP). Ele enviou 308 animais do seu rebanho. “O gado foi embarcado no Porto de Barcarena, vizinho a Belém (PA), e seguiu viagem por 21 dias até o destino”, informa, acrescentando que os animais foram transportados em caminhões pela Rodovia PA-150 “Estamos realizando estudos sobre a logística de transporte, pois comprador para nosso gado existe.”

Freitas, dono do Frigo Class, considera a carne paraense de boa qualidade e macia. Ele abate, em média, 800 bois por dia na unidade de Marabá e 300 bois por dia em Promissão. A carne dos animais abatidos pelo seu frigorífico é distribuída nas grandes capitais: Recife, Fortaleza, João Pessoa, Natal, São Paulo e Rio. Na região, explica, o boi vai para o abate aos 32 meses com 18 arrobas, em média. As vísceras brancas (bucho, testículos, aorta) são enviadas para a China, e o dianteiro, para o Oriente Médio. Já o couro cru é vendido em Redenção para a Bracol, empresa do Grupo Bertin. “O couro é curtido no Pará, de onde é exportado para a Itália, pelo Bertin.” Freitas também cria gado na região, onde possui seis fazendas, na região de Redenção, no total de 38 mil hectares e 30 mil cabeças de nelore comercial.

O médico veterinário de Mococa (SP) Fernando Galvani deixou São Paulo, em 1995, para prestar assistência às fazendas de gado do Tocantins.

Vislumbrando o potencial do agronegócio no Pará, em outubro de 2002 ele montou em Marabá (PA) uma empresa de consultoria e prestação de serviços ao agronegócio, especialmente na área veterinária e de alimentos. “No Pará tem tudo o que um pecuarista quer: terra barata, índice de chuvas ideal e capim espetacular”, enumera. “Quem quer crescer, ganhar dinheiro e buscar novas oportunidades, vem para cá.”

Galvani conta que decidiu ir para o Pará depois de ser contratado para dar assessoria à Agropecuária Corona, de Amílcar Yamin, que tem um criatório na região. Hoje, a sua empresa, a Vet Plus, atende a criadores de peso na pecuária nacional. Um deles é o Grupo Revemar, de nelore, de José Francisco Diamantino. Outro é José Coelho Vitor, o “Cabo Verde”, de Passos (MG), da Fazenda Santa Lúcia, em Xingura (PA), onde cria tabapuã, gir e nelore. “É o maior tirador de leite B de gado cruzado do Brasil”, diz Galvani. Segundo explica Galvani, o gir puro é cruzado com o holandês, no Pará. “Esse cruzamento dá boas girolandas que são vendidas pelo criador, em Passos.”

Galvani também orienta produtores de genética, como a Fazenda Caracol, de Tharley Elvecio Alves, com um rebanho de nelore puro, que passa por avaliação genética em Redenção (PA) e participa do Programa de Melhoramento do Nelore, coordenado pelo professor Raizildo Lobo, da USP de Ribeirão Preto (SP). Outro produtor de genética nelore é a Fazenda Vale do Boi, de Epaminondas de Andrade. “É uma das que usam mais tecnologia na região”, diz Galvani, que acrescenta: “Faz ponderal há três anos na Associação Brasileira de Criadores de Zebu.”

(Estadão/SP) – Quarta feira, 16 de julho de 2003
Notícia adaptada pela equipe do Boletim Agropecuário

http://www.boletimpecuario.com.br/noticias/noticia.php?noticia=not3070.boletimpecuario&tudo=sim

Missão européia visita a Vale do Boi

Diário do Senado Mar 2003

O Senador Eduardo Siqueira Campos fala da visita da missão européia na Vale do Boi

Srª Presidente, Srªs e Srs. Senadores, desde o ano passado o nosso Estado foi reconhecido internacionalmente como uma zona efetivamente livre da área de aftosa. Isso é por demais importante para a nossa população e para os nossos produtores.

Congratulo-me com nossos produtores rurais, com sua associação e com a nossa Federação da Agricultura do Esta do do Tocantins, que é presidida pela Deputada Federal Kátia Abreu. S. Exª, recentemente, foi reeleita com a maior votação do nosso Estado, é uma grande líder rural, empresarial, e já esteve fora do nosso País representando o Estado de Tocantins quando da obtenção desse certificado de zona livre de aftosa. Agora participa, juntamente com as autoridades tocantinenses, dessas reuniões, dessas inspeções e dessas visitas que as missões européias estão fazendo no Estado do Tocantins.

A primeira reunião será em 13 de março, pela manhã, na Delegacia do Ministério da Agricultura, onde as autoridades da Adapec farão uma apresentação à missão européia. O escritório da nossa agência de defesa na cidade de Araguaína também receberá visita semelhante, dessa missão européia, na Fazenda Vale do Boi, no Município de Carmolândia, cidade que tem o nosso jóvem Prefeito Severino. Toda a região está muito ansiosa por essa visita que se dará em fazendas dos Municípios de Goiatins e Couto Magalhães. O resultado dessa visita é que o Estado do Tocantins terá todo o seu gado de corte e seus frigoríficos aprovados para a exportação de seus produtos ao Mercado Comum Europeu. Teremos ainda a visita de uma missão russa.

(veja Texto completo em PDF) (pág 4)