AGROPRODUTOR
Fazenda Vale do Boi
Melhoramento genético dá lucro
Epaminondas Andrade, de Araguaína, TO.
Um dos maiores usuários do PMGZ – Programa de Melhoramento
Genético de Zebuínos da ABCZ.
Em Carmolândia (TO) está localizada uma das propriedades modelo quando o assunto é gestão rural e utilização de metodologias que possibilitam o controle mais eficaz das atividades. Trata-se da Fazenda Vale do Boi, do pecuarista Epaminondas de Andrade, com área total de 1.800 hectares. Destes, 1.500 hectares são de pasto, destinados à pecuária de corte de ciclo completo e à seleção de reprodutores e matrizes geneticamente superiores da raça Nelore (PO) em plena harmonia com o meio ambiente. O rebanho alcança cerca de 3500 cabeças, das quais 1.200 matrizes.
A história da Fazenda Vale do Boi começou após Epaminondas concluir que o futuro da pecuária de corte no Brasil estava nas regiões Centro-Oeste e Norte, o que hoje é uma realidade. Sua atividade no campo começou há pouco mais de 40 anos, em Uberaba (MG), sua terra natal, com seleção da raça Gir. Cerca de quatro anos depois, Epaminondas vendeu a fazenda de porteira fechada, inclusive com o rebanho Gir, e adquiriu outra, porém, com gado Nelore, iniciando a seleção da raça ainda em terras uberabenses.
“Pela dificuldade de trabalhar com a pecuária de corte na região do Triangulo Mineiro, pela necessidade de ter uma escala maior e também em função da valorização das terras na região, migrei para o Norte do País para adquirir terras mais baratas”, conta. Em outubro de 1983 o rebanho foi transferido para a Fazenda Vale do Boi, no município de Araguaína, norte de Goiás, e, com a divisão do estado e municípios, Carmolândia, no norte do Tocantins, próximo do sul dos Estados do Pará e Maranhão.
A fazenda é destaque nacional quando se fala em gestão rural. É totalmente adepta às metodologias que possibilitem a informatização da propriedade. “Quando era menino, fui para São Paulo, onde tive a oportunidade de concluir meus estudos e construir uma carreira. Fui até diretor em algumas empresas e trouxe essa bagagem de gestão de negócios para a pecuária. A fazenda construiu um diferencial a partir da minha vida na indústria e no comércio”, afirma o criador. No sistema de gerenciamento da Vale do Boi estão inclusas desde planilhas do inventário do rebanho até as de mapas de compra e venda, caixa e controle de custos e receitas, balanço, software Procan e de controle pluviométrico, medição realizada desde 1986 e que apresenta todo o histórico de chuva na área. Todas muito bem detalhadas e organizadas.
Boas práticas de gestão renderam o prêmio MPE-Brasil, em 2010
A lida com o gado conta a aplicação de variadas técnicas como manejo racional, rotação de pastagens, correção e adubação do solo, diversidade de gramíneas, controle de lotação e rotação. Entre as forrageiras cultivadas destacam os capins massai, tanzânia, mombaça, braquiarão, MG5 e elefante, além da grama estrela africana e a estrela roxa. “Trabalho com nível mediano a alto de tecnologia. Como faço melhoramento genético, a fazenda é toda informatizada e, em 2010, a Vale do Boi recebeu o prêmio MPE-Brasil, conferido a melhor qualidade de gestão no agronegócio no Brasil, o que tornou a fazenda reconhecida entre as melhores empresas do País, na categoria Agronegócio, pelas boas práticas de gestão adotadas”, destaca.
Epaminondas não esconde a importância de uma gestão moderna. “Para se fazer uma gestão mais eficiente, é necessário investir em ferramentas que não são tão caras para informatizar a fazenda. Basta utilizar os softwares disponíveis no mercado. O que é mais custoso é produzir uma pastagem que seja compatível com o gado geneticamente melhorado, pois quanto maior o avanço genético do gado, maior a exigência destes animais em termos de nutrição e manejo.” E por falar em genética, a Fazenda Vale do Boi foi uma das pioneiras na adesão ao PMGZ (Programa de Melhoramento Genético de Zebuínos), da ABCZ (Associação Brasileira dos Criadores de Zebu). Foi pioneira na comercialização de reprodutores com avaliação genética em leilões no Estado e é atualmente uma das propriedades com o maior número de animais participantes tanto na prova de CDP (Controle de Desenvolvimento Ponderal) como nas PGP (Provas de Ganho de Peso).
Propriedade é destaque no PMGZ/ABCZ em participação de animais
O rebanho também participa (e vence), frequentemente, das etapas do Circuito Boi Verde de Carcaças, organizado pela ACNB (Associação dos Criadores de Nelore do Brasil). “Trouxemos todas estas técnicas para a fazenda, o que tem nos ajudado e nos destacado no cenário nacional, inclusive somos reconhecidos por tudo isso. Por exemplo, chegamos a receber uma premiação da ABCZ, em função dos nossos animais se destacarem em desempenho através do PMGZ”, detalha.
Com relação ao PMGZ, Epaminondas é um dos grandes defensores da utilização do programa, por verificar as vantagens na prática. “Tenho um desempenho muito bom na minha fazenda, baseado no programa” afirma. Para ele, modernamente é impossível desenvolver pecuária de corte ou leite sem utilizar uma ferramenta de programa de melhoramento. “O PMGZ é muito abrangente e trabalha, hoje, com quase um milhão de matrizes. A ABCZ tem um dos melhores grupos técnicos espalhados pelo Brasil, com um escritório regional nas principais cidades, e isso possibilita um desempenho considerável”, acrescenta.
Só para exemplificar, a evolução de quase 18%, de 1995 a 2009, no rebanho da Vale do Boi, em relação ao peso à desmama dos bezerros Nelore, comprova a eficiência tanto das práticas adotadas para manejo e nutrição, como também da utilização do programa de melhoramento. A cada ano a fazenda vem se destacando na superioridade genética de seus produtos, como demonstram os relatórios dos animais candidatos a CEP (Certificado Especial de Produção), do PMGZ. Só em 2012, considerando a safra de 2010, mais de 202 produtos da fazenda eram candidatos a CEP, um dos mais importantes produtos disponibilizado pelo PMGZ, certificado alia a superioridade genética do animal ao seu biotipo, baseado nas avaliações genéticas de todos os animais participantes do PMGZ.
Segundo o criador, as avaliações obtidas por meio dos programas de melhoramento estão à disposição do produtor como importante ferramenta de seleção, seja com o foco na produção de genética ou de gado comercial. “Muitos produtores trabalham há anos com seleção de gado e não utilizam essas ferramentas. Estão perdendo tempo, pois o quanto antes eles participarem desses programas, o quanto antes vão conseguir melhorar o desempenho dos seus rebanhos”, argumenta e acrescenta: “Investir em melhoramento genético é o caminho certeiro para quem está focado em atingir o ápice de desempenho do rebanho, o que resultará no aprimoramento da eficiência produtiva e consequentemente no incremento da rentabilidade.”